
Cork O'Connor, cuja esposa é uma Ojibwe de sangue puro e que tem metade de nativo americano, se aposentou de seu cargo como chefe de polícia de Aurora, Minnesota, há algum tempo. Agora ele administra um restaurante de comida rápida, mas quando a encrenca chega ao Great North de Minnesota, Cork ainda costuma se envolver no meio dela.
Em "Spirit Crossing", o 20º romance de William Kent Krueger protagonizado por Cork, há encrenca de sobra.
Para começar, a filha de um político influente está desaparecida, e o FBI, as agências estaduais de aplicação da lei e a imprensa estão todos em cima do caso. A construção de um oleoduto está prestes a interferir nos pântanos de Spirit Crossing, uma área sagrada para os nativos americanos, e os manifestantes e contra-manifestantes estão se reunindo.
Enquanto isso, a filha de Cork, Annie, que trabalhou como auxiliar humanitária na América Central por anos, acabou de voltar para casa. Com ela, ela trouxe uma enfermeira guatemalteca chamada Maria e um segredo devastador que ela reluta em revelar a qualquer um.
\nA ação começa inocentemente quando Cork leva vários membros de sua grande família, incluindo seu neto de 7 anos, Waaboo (Pequeno Coelho), para um local secreto de amora perto de um barraco abandonado na floresta. Ao se aproximarem do local, Waaboo descobre uma cova rasa e diz que consegue ouvir o espírito triste de uma garota chamando por ele.
\nO FBI e as agências estaduais de aplicação da lei descem, tomando o controle e ordenando às autoridades locais que não interfiram. Mas quando o corpo acaba sendo o de uma garota nativa americana, eles perdem o interesse.
\nA investigação fica a cargo da sucessora de Cork, a chefe de polícia de Aurora, Marsha Dross, que consegue a ajuda de Cork e da Polícia Tribal Ojibwe de Iron Lake. Logo descobrem mais corpos de garotas nativas americanas, Cork suspeita que possam estar relacionados com a garota branca desaparecida, a suspeita recai sobre os trabalhadores do oleoduto, e alguém com medo das visões de Waaboo o torna alvo de assassinato.
Krueger não tem sangue nativo americano, mas como sempre trata a cultura nativa e o misticismo com compreensão e respeito. Sua prosa e desenvolvimento de personagens são excelentes, e suas descrições vívidas dão vida às florestas do norte de Minnesota.
\n"Spirit Crossing" volta a três dos temas familiares do autor: o estupro do mundo natural em busca de lucro, o mau tratamento dos nativos americanos e, com ênfase desta vez, que milhares de mulheres e meninas nativas americanas estão desaparecidas e pouco parece ser feito a esse respeito.
O autor coloca esse pensamento na boca de um dos parentes de Cork: "Ser índio é caminhar com a perda. Ela vai adiante de nós e nos segue. É nosso eu sombrio."
Bruce DeSilva, vencedor do Edgar Award da Mystery Writers of America, é o autor dos romances policiais de Mulligan, incluindo "A Linha do Terror".