
Paragon, um fabricante de spyware israelense que manteve um perfil baixo nos últimos anos, foi adquirido na semana passada pelo gigante de private equity americano AE Industrial Partners, de acordo com relatos da imprensa israelense. Tech news website Calcalist informou que a empresa de investimentos comprou a Paragon por US$ 500 milhões e, dependendo do crescimento da empresa, o negócio poderia chegar a US$ 900 milhões. Globes relatou que o pagamento inicial é de US$ 450 milhões, sendo 20% destinados aos 400 funcionários da Paragon e 30% para os cinco co-fundadores, com os 50% restantes indo para o fundo de capital de risco dos EUA Battery Ventures e o fundo de capital de risco israelense Red Dot.
Em 2021, a Forbes revelou pela primeira vez a existência da Paragon, que não tem - e ainda não tem - um site. A revista relatou que a empresa foi fundada por um grupo de ex-oficiais de inteligência israelenses: Ehud Schneorson, ex-comandante da Unidade 8200, uma renomada agência de espionagem israelense cujos ex-membros frequentemente trabalham em segurança cibernética no setor privado, bem como pelo CEO Idan Nurick, CTO Igor Bogudlov e vice-presidente de pesquisa Liad Avraham.
AE Industrial não respondeu ao pedido de comentário do TechCrunch sobre o negócio relatado.
Nurick e Avraham não responderam a um pedido de comentário enviado via LinkedIn. Bogudlov e Schneorson não puderam ser contatados para comentar.
A porta-voz da Battery Ventures, Rebecca Buckman, recusou comentar. Red Dot não respondeu a uma mensagem solicitando comentários.
Em outubro, a Wired relatou que o U.S. Immigration and Customs Enforcement assinou um contrato de um ano no valor de US$ 2 milhões com a Paragon para adquirir uma 'solução proprietária totalmente configurada', que incluía licenças, hardware, garantias, manutenção e treinamento. No mês passado, o The New Yorker citou uma fonte da Paragon que disse que o acordo com o ICE veio após um processo de seleção no qual a Paragon demonstrou que tinha controles para evitar que clientes de outros países hackeassem residentes dos EUA.
Isso tem sido um problema constante com a NSO Group, que foi acusada de fornecer ferramentas para países que, em seguida, visavam cidadãos americanos, incluindo funcionários da embaixada dos EUA. É em parte por causa desses supostos ataques que o Departamento de Comércio dos EUA colocou a NSO Group em uma lista de restrição econômica em 2021, efetivamente proibindo empresas americanas de negociar com a empresa. O governo dos EUA tomou medidas semelhantes, incluindo sanções, contra o fabricante de spyware Intellexa.
Ao adquirir a Paragon, a AE Industrial segue o exemplo de outras empresas de investimento ocidentais que investem em fabricantes de spyware israelenses. Em 2014, a empresa de private equity dos EUA, Francisco Partners, pagou US$ 130 milhões para adquirir 70% das ações da NSO Group, informou o Calcalist na época. No mesmo ano, a Francisco Partners estava em contato com a agora extinta empresa italiana de spyware Hacking Team, de acordo com e-mails vazados da empresa, que foram roubados e depois publicados online pelo notório hacktivista Phineas Fisher.
Em 2019, dois dos fundadores da NSO, Shalev Hulio e Omri Lavie, compraram a empresa de volta da Francisco Partners, recuperando o controle dela.